Nesta semana, convido o infectologista Thiego Teixeira Cavalheiro (foto ao lado), supervisor de Medicina Preventiva Unimed Santa Maria, professor do curso de Medicina na Universidade Franciscana (UFN) e preceptor da Residência de Medicina Interna da UFN para refletir sobre como estamos nos preparando para as estações mais frias do ano.
Abaixo, o médico fala sobre a relação das pessoas na busca de informação por doenças e sobre os cuidados com a pneumonia.
"Os dias atuais têm nos permitido conhecer de forma mais ampliada alguns aspectos sobre a nossa saúde. Tem havido uma maior facilidade para que as informações possam ser disponibilizadas. O maior alcance da internet, principalmente pelo uso cada vez mais frequente de dispositivos móveis, nos auxiliam no maior conhecimento de medidas preventivas sobre determinadas doenças infecciosas. Qualquer dúvida que surja, podemos com poucas palavras digitadas em sites de buscas e pronto, passamos a ter solução para tudo. Lá estarão todas as nossas respostas e todas soluções. Mas será que estamos prontos, capacitados para assimilarmos tudo isto? Temos como sintetizar o que realmente é importante? E o mais impactante, estamos colocando em prática o que estamos aprendendo? Vamos revisar alguns aspectos sobre este assunto a seguir.
Pneumonia, denominamos como a infecção do tecido pulmonar que pode ser causada, principalmente, por vírus ou bactérias. Ela pode ser uma e infecção com baixa gravidade, entretanto dependendo da sua extensão e também do perfil do paciente que for acometido pode causar uma morbidade e gravidade extrema com risco de evolução para óbito em questão de horas.
Sabemos que a incidência, ou seja, o número de casos novos, desta doença é maior no período do outono e inverno. Muito porque ocorre uma maior propagação de microorganismos infectantes nestas épocas do ano. Por outro lado, é uma doença considerada perene, que acontece durante todo o ano. Se conseguirmos através da adoção de medidas preventivas reduzir o número de casos, consequentemente teremos um maior controle desta doença.
Como fazer isto objetivamente? Devido a importância, início relembrando que existem vacinas contra uma bactéria chamada Streptococcus pneumonaie, também conhecido como pneumococo, e também contra um vírus denominado Influenza. Estes dois microorganismos são responsáveis pelo maior número de casos de pneumonia descritos. Ambas vacinas possuem indicações específicas em relação a idade do paciente e freqüência para o melhor uso. Buscar informações com o profissional da saúde da sua confiança é muito importante, ficar atentos com as campanhas vacinais também. Saliento que são vacinas seguras e eficazes, das quais a robustez que temos sobre o conhecimento científico médico sobre elas nos tranquiliza em indicá-las sempre que forem necessárias.
Não tenho dúvidas que a atualização do calendário vacinal, para todas doenças infecciosas possíveis é a medida preventiva mais eficaz a nível individual ou mesmo no âmbito de sociedade. Fake news contra vacinas são alguns exemplos da ignorância difundidas, principalmente de quem não é responsável pelo cuidado adequado da saúde das pessoas.
Além do acima descrito, medidas comportamentais são importantes para evitarmos pneumonias em todas as idades. O controle de doenças crônicas como rinites, que uma vez estando presentes podem comprometer a filtragem de microorganismos inalados pelo nariz. Cuidados com o controle de doenças de vias aéreas inferiores como Asma, importante para que tenhamos uma menor quantidade de secreção nas vias respiratórias.
Evitar ao máximo o tabagismo, pois dentre vários malefícios, é o principal vilão no desenvolvimento da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Uma patologia que destrói os alvéolos, estruturas mais importantes da arquitetura pulmonar, porque são responsáveis pela troca de oxigênio por gás carbônico, mecanismo vital para o funcionamento das nossas células. Também como medidas preventivas, devemos controlar outras doenças crônicas como diabetes, obesidade, pois assim tornaremos nossas defesas mais efetivas para nos protegermos.
Para finalizar, aquelas orientações que escutamos desde a infância, durma bem, pratique atividades físicas regulares, fique menos estressado, evite variações bruscas de temperatura externa ou mesmo umidade sem a devida proteção corporal, podem proporcionar um melhor condicionamento da nossa proteção imunológica e assim promovendo uma maior prevenção.
Devemos sim nos informar cada vez mais, ampliar nossos conhecimentos sobre várias situações de saúde, mas acima de tudo precisamos sair da inércia do conhecimento teórico e partirmos para a prática. Saia da sua zona de conforto. Reflita se realmente tu estas fazendo o que é importante para se proteger contra esta temida doença infecciosa e se não estiver mude de atitude ao terminar de ler este artigo."